10/11/2011, por Atheniense Advogados

A situação do Brasil avaliada pela ONU

O recente relatório divulgado sobre o Índice de Desenvolvimento Humano da ONU (IDH), compreendendo 169 países deverá merecer a atenção da presidente Dilma Rousseff, quando de seu retorno de Cannes, pois o Brasil foi avaliado como ocupante do 73º no ranking mundial.

Ainda que tenhamos avançado em relação ao estado em que nos encontrávamos, os dados ora conhecidos hão de gerar reflexões por parte dos setores financeiros, sobretudo, considerando a euforia do ex-presidente Lula ao final de seu mandato, que se arvorara em único responsável pelos resultados obtidos.

Conforme os dados daquele organismo internacional, o nosso crescimento de 2000 a 2011 foi de 0,69%, ou seja, abaixo de 70%, que é a média dos países de desenvolvimento humano elevado. O desempenho brasileiro foi inferior ao das demais nações que integram o BRIC (Rússia, Índia e China), onde o índice subiu em velocidade superior à média dos grupos de que participavam na última década.

Vale salientar que Brasil e Rússia sempre foram tidos como nações cujo incremento humano é elevado; enquanto China e Índia eram tidos como de crescimento médio.

Embora o chefe de Estatísticas do Relatório de Desenvolvimento Humano, Milorad Kovacevic, considere ser mais difícil para países de grande extensão continental (China e Brasil) atingir padrão de vida mais alto do que os pequenos, é sintomático que não tenhamos atingido a um resultado tão primoroso como o difundido por Lula, de que o nosso progresso não encontraria símile em nações de outros continentes.

Não é verdade. Tornou-se agora patente que essa versão era fantasiosa. Nada menos de dez países da América Latina (Chile, Argentina, Uruguai, Cuba, México, Panamá, Costa Rica, Venezuela, Peru e Equador) atingiram posições superiores a do Brasil, com os seus indicadores de expectativa de vida e escolaridade superando aos nossos.

Não é esta a primeira vez que os dados da ONU conflitam com os do governo brasileiro. Na era Lula, gabávamos de nossa generosidade interesseira, fazendo doações aos países africanos, cujo objetivo era obter o apoio à presença permanente do Brasil no Conselho de Segurança. Daí a necessidade de contarmos com o endosso de países reconhecidamente pobres, onde instalamos embaixadas e consulados de alto custo, sem recebermos em troca vantagens econômicas, notadamente no tocante às nossas exportações.

Restou, agora, esclarecido que estamos dois anos atrasados, em relação à média dos países ricos, em termos de aprendizado. . A nossa média de anos de escola é de 7,2 anos, isto é, menos que o ensino fundamental completo.

Progredimos em expectativa de vida e de escolaridade, mas a situação que atingimos corresponde ao que os Estados Unidos já haviam alcançado há quarenta anos passados.

Assim, o aspecto mais negativo dos números conhecidos prende-se à educação. É compreensível, pois, que estejamos enfrentando sucessivas manifestações de insatisfação por parte dos alunos, sem se falar nas greves dos docentes, inconformados com os salários irrisórios que recebem.

Vale, ainda, salientar que o mesmo relatório elogiou a preservação ambiental exercida pelo governo brasileiro nos últimos anos e o fato de que produzimos 85% de nossa eletricidade. Mas isto, embora não guardando relação direta com a educação e a expectativa de vida, não chega a constituir motivo alvissareiro de que estejamos em pleno crescimento, em todas as áreas, conforme fora sustentado pelo governo que Dilma sucedeu.

Mesmo porque, se subimos três posições no ranking, a partir de 2006, em termos de desenvolvimento humano, ainda em relação à educação, saúde e renda, perdemos para outros 79 países.

 

ARISTOTELES Dutra de Araújo ATHENIENSE

Advogado. Conselheiro Nato da OAB

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