01/12/2017, por Aristoteles Atheniense 

As alternativas do Chile

O resultado conhecido no primeiro turno das eleições chilenas provocou reflexões, ainda que já fosse esperado. Tudo leva a crer que irá ocorrer no país andino o mesmo fenômeno que vem sucedendo em outras nações, ou seja, o aniquilamento da social-democracia.

Na América do Sul, a direita sagrou-se vencedora na Argentina e Peru, esvaziando os programas sociais implementados pelos governos anteriores, interessados na manutenção da política até então vigente.

Mesmo no Equador, em que venceu o candidato indicado por Rafael Correa, não tardou que o novo presidente, Lenín Moreno, se baldeasse logo para o centro-direita, rompendo com seu antecessor.

A social-democracia que, nos últimos anos, tornou-se a principal expressão da política europeia, quase desapareceu na França: os socialistas caíram de 280 para 29 deputados na Assembleia nacional. Na Alemanha e na Áustria, ainda que os socialistas houvessem feito acordos com os conservadores, a frustração não foi menor.

A derrocada repetiu-se, igualmente, na Holanda, com o PS ficando em 4º lugar (9,1%), enquanto que na República Tcheca os apoiadores de Marx despencaram de 20,5% para 7,3%.

Refletindo sobre as causas desses resultados, o colunista Clóvis Rossi sintetizou a opção que o eleitorado vem fazendo nos últimos tempos: “entre o original e a cópia, é melhor votar no original, ou seja, na direita”.

Há, entretanto, quem pense de forma diferente, atribuindo as mutações ao cansaço do povo com o intervencionismo estatal e o populismo inconsequente, que geram a descrença nos candidatos inovadores.

Curiosamente, o desfecho das eleições chilenas deixou a impressão de que os conterrâneos de Pablo Neruda são vocacionados para alternativas. A princípio, escolheram Michelle Bachalet, vindo a trocá-la por Piñera; em seguida, permutaram Piñera por Bachelet e, agora, resolveram barganhar Bachelet por Piñera…

É uma tendência que, certamente, despertará a atenção dos cientistas políticos e que poderá ocorrer no futuro, também, em outros países. A única explicação estaria no fato de que os chilenos estão sempre propensos a encontrar no amanhã o que não conseguiram obter hoje…