12/05/2014, por Atheniense Advogados

A Copa do povo começou mais cedo

Por Aristoteles Atheniense

O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) invadiu, no último sábado, uma área que fica a cerca de 4 km, em linha reta, do “Itaquerão”, estádio onde será realizada a partida de abertura da Copa do Mundo, entre Brasil e Croácia, no dia 12 de junho.

O mote da incursão seria a valorização da área de 2009 para cá, em quatro vezes o seu valor originário, que era de R$5,2 milhões.

Assim, às vésperas do evento promovido pela Fifa, o MTST instituiu a “Copa do Povo, no Parque do Carmo”, estimulado pelas entidades parceiras e igrejas que, inclusive, concorreram para a compra do material a ser empregado no esbulho.

Com este propósito, os agressores adquiriram lonas, bambus, ferramentas e alugaram ônibus para conduzir a turba, promovendo, de imediato, a divisão do terreno entre as famílias beneficiadas pela extorsão.

A estratégia adotada consistiu em manter contato prévio com os vizinhos, indagando quanto à situação legal da superfície, quem seria o proprietário e se estava em débito com o município. Após essa diligência, foi definido o local e programados dia e hora para a invasão.

A esta altura, o número de famílias ali assentadas já atinge a 2 mil. O líder do movimento é Guilherme Boulos, 31 anos, casado com outra militante sem-teto, filho de um professor da Universidade de São Paulo, conceituado especialista em doenças infecciosas e parasitárias do País.

Boulos, formado em filosofia pela USP, ingressou no MTST há doze anos passados, deixando a casa paterna. Dedicou-se a montar barracas em áreas invadidas, ficando conhecido quando comandou a tomada de um terreno em 2003, em São Bernardo do Campo, pertencente à Volkswagen.

O prefeito Fernando Haddad admitiu a possibilidade de converter a área em zona para construção de moradias populares, cometendo o desplante de afirmar que assim procederia se a proprietária, Viver Construtora e Incorporadora, estivesse em débito com a municipalidade…

Guilherme Boulos, encorajado pela negligência do prefeito, compareceu à Câmara Municipal e obteve do líder do governo, Arselino Tatto (PT-SP), a promessa de que iria apresentar uma emenda ao Plano Diretor, para a inclusão do terreno no mapa das zonas especiais de interesse social.

A empresa Viver conseguiu a reintegração de posse de 150 mil m2, mas a retirada das famílias, em razão de interesses públicos em um ano eleitoral, depende da Policia Militar, que ainda não foi autorizada pelo governador Geraldo Alckmin a garantir a execução da decisão judicial.

O MTSt, tão logo apossou-se do terreno, a princípio com 1200 famílias, distribuiu panfletos, contratando carros de som, para atrair a população de baixa renda a aderir à sedição, com o fim de justificar a sua iniciativa.

Nos últimos dias, foram construídos apenas dois banheiros e uma cozinha coletiva para as famílias, que insistem em permanecer onde se encontram, sem que Fernando Haddad, temendo a repercussão política de sua atuação, tomasse qualquer providência capaz de impedir a situação calamitosa, indiferente ao seu reflexo no exterior.

O fato já repercutiu em outros continentes, sendo noticiado como uma das formas de frustrar a Copa do Mundo, já no seu início. O Ministério dos Esportes e a CBF permanecem indiferentes ao que acontece.

Triste retrato de um país onde o primado da autoridade e da lei tornou-se uma ficção.