15/08/2012, por Atheniense Advogados

Quem não acredita na Justiça

No dia seguinte ao início do julgamento da Ação Penal 470, o ex-presidente Lula foi indagado quanto à sua impressão sobre o que ocorrera na véspera. Não se fez de rogado. Externou logo sua indiferença aos pronunciamentos havidos, alegando que, como tivera outros temas mais importantes a tratar, não dedicou maior atenção ao que sucedeu no STF.

Nos dias subsequentes, a presidente Dilma Rousseff recomendou aos seus auxiliares que não se manifestassem quanto às defesas produzidas naquela Corte. Reputava mais importante que cada ministro se concentrasse no trato das questões ligadas às suas pastas.

O secretário da presidência, Gilberto Carvalho, indiferente à orientação superior, minimizou o que acontecera no STF, por entender que os fatos controvertidos não repercutiriam no pleito de outubro vindouro. Segundo ele, inobstante o que já fora apurado em relação a José Dirceu, Genoíno e Delúbio, o prestígio de Lula não fora atingido, tanto assim que fora reconduzido ao Planalto após a eclosão do episódio denunciado por Roberto Jefferson.

Na opinião do presidente nacional do PT, Rui Falcão, a sociedade não dispensa maior importância ao julgamento do mensalão, estando “mais voltada para a novela “Avenida Brasil” e para as Olimpíadas de Londres”.

Recente pesquisa do Datafolha desmentiu a satírica assertiva de Rui Falcão. Como foi apurado, 81% dos cidadãos ouvidos sabem o que vem a ser o mensalão e a maioria dos entrevistados acha que os denunciados deverão ser condenados e presos.

Quanto aos que ignoram o que vem a ser aquele processo, o percentual obtido foi de apenas 8%.

Em face dos pronunciamentos depreciativos de Lula, Gilberto Carvalho e Falcão, a atuação do STF não ecoará junto a comunidade, sendo irrelevante o papel em que foi investido pela Constituição Federal de 1988.

Esses cidadãos não acreditam que os juízes escolhidos por Lula e Dilma, levados por uma presumível gratidão a quem os nomeou, sejam capazes de apenar os infratores, devido ao bom relacionamento que mantêm com políticos influentes da base aliada.

Ora, os que subestimam a atuação do STF são os mesmos que não acreditam na reação social ao fenômeno da corrupção que medra no país, nem no império da lei, optando pela degradação dos princípios que regem o Estado Democrático de Direito.

São indivíduos cujo passado é suficiente para comprometê-los, passiveis de punição enérgica e oportuna, estando vocacionados ao “crime organizado”, a que aderiram por constituir o caminho mais curto de que dispõem na obtenção de vantagens sórdidas, a qualquer preço.

Resta aguardar a decisão do STF, que haverá de responder à insolência dos que se julgam inatingíveis, tomados da empáfia de que nada de mais grave lhes ocorrerá, pelo simples fato de serem amigos do Rei…