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A nova aventura da Argentina

O alto preço pago pela Argentina no passado, que lhe custou a morte de 649 soldados no conflito ocorrido há trinta anos, não foi suficiente para impedir que a sua presidente Cristina Kirchner desafiasse a Grã-Bretanha na disputa pelas Malvinas.

A descoberta de petróleo naquele arquipélago inóspito concorreu para que fosse deflagrada a contenda, que teve graves consequências.

Em fevereiro de 2010, cinco empresas estrangeiras ali reiniciaram as perfurações de petróleo, o que concorreu para o protesto da Argentina, reativando a discórdia que não deixou de existir com o passar dos anos.

O ímpeto da Argentina em reivindicar os recursos naturais da Ilha tornou-se ainda maior no governo atual, embora este sustente ter sido ferida a integridade territorial do país e a identidade da América Latina.

Em diversas ocasiões, Cristina vem reclamando o apoio do Brasil à pretensão do país vizinho, insinuando que os espaços marítimos dos dois países constituem um elemento vital para assegurar o desenvolvimento dos nossos povos.

Em recente artigo publicado na “Folha”, o embaixador da Argentina no Brasil, sociólogo Luís Maria Kreckler, ao exaltar a comemoração do conflito havido no Atlântico Sul, chegou a afirmar: “Não será encontrado um único argentino de qualquer ideologia ou posição política que não concorde, de coração, que somente quando as Ilhas Malvinas forem restituídas à Argentina, nosso território estará completo”.

O diplomata, no entanto, esqueceu-se de que a guerra foi iniciada pelo governo argentino, na época, o general Leopoldo Galtiere, que reivindicava a soberania das ilhas, o que importou numa verdadeira bravata, tal a desproporção existente entre os recursos bélicos dos países desavindos.

No dia 2 de maio, os britânicos afundaram o navio argentino General Belgrano, matando todos os 326 tripulantes. Dois dias depois, a embarcação britânica HMS Sheffield foi atingida por um míssil Exocet, deixando 20 mortos.

A guerra, que durou 75 dias, só acabou em 14 de junho, com a rendição dos argentinos. Ao todo, 258 britânicos e 649 argentinos morreram no conflito.

Na realidade, o interesse da Argentina pelas ilhas chamadas de “Falklands” pelos britânicos, decorre de seus recursos petrolíferos que podem gerar US$180 bilhões de impostos ao governo local, conforme previsões de especialistas daquele país.

Por conseguinte, acima do interesse externado pela dirigente de que a Argentina e o Brasil devam caminhar juntos neste projeto, sobrelevam vantagens econômicas que a estimulam na reabertura de um processo de beligerância, que o Brasil não deverá prestigiar.

 

Atheniense

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