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A solução milagrosa

Após as últimas sessões da Câmara dos Deputados e do Senado, ganhou maior fôlego a proposta de eliminação dos partidos políticos do comando do País, ante os destemperos cometidos nas duas Casas legislativas. Veio à tona a possibilidade da atuação das Forças Armadas, que, embora sendo uma solução radical, contou logo com a adesão dos que não se conformam com a degradação moral que infestou a Nação.

O episódio do mensalão, com a condenação de alguns de seus autores, não foi suficiente para que a prática nociva não voltasse a ser empregada, agora com artifícios mais eficientes, já apurados na Operação Lava Jato.

A causa do descalabro existente decorre, sobretudo, da má escolha de nossos representantes, que expõem a democracia ao risco de desabamento, concorrendo para que soluções autoritárias, como as defendidas por Bolsonaro, ganhem prestígio na mídia e na boca do povo.

A recente aprovação do fundo eleitoral de R$1,7 bilhão assegurou o financiamento das campanhas em 2018 através da “mágica” produzida pelos seus artífices. Assim, 30% daquela ajuda virão do valor das emendas de bancadas e da transferência de recurso da compensação fiscal concedida às emissoras de rádio e TV.

Através desse expediente, o que houve foi a realocação de recurso e não a redução do Custo-Brasil, que continua elevado. As empreiteiras, por decisão do STF, não poderão mais subsidiar as campanhas. Essa atividade foi transferida ao povo, carente de escola, de saúde, de saneamento básico e segurança pública. Era só o que faltava…

Tudo isto concorre para a angústia dos brasileiros, ante a confusão política e o descrédito das lideranças, inobstante o esforço da Lava Jato que, a cada dia, encontra mais adversários interessados em fazer com que tudo continue do mesmo tamanho.

É o que está fadado a acontecer, com a corrupção tornando-se mera figura de retórica, de modo que em 2018 sejam consagrados candidatos ainda mais audazes na manipulação dos frutos da impunidade, mesmo com o sacrifício dos eleitores que irão ungir os vitoriosos.

Aristoteles Atheniense

Presidente da Seccional mineira da OAB por dois períodos (1979 a 1983); Secretário Geral do Conselho Federal (1993/1995); Vice-Presidente Nacional da OAB

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