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A volta de Joaquim Levy

A indicação de Joaquim Levy para a presidência do BNDES fará com que a instituição recobre as suas finalidades primitivas, deixando de ser um instrumento financiador de países da América e África, que estavam identificados politicamente com o petismo.

O BNDES, criado em 1952, no segundo governo de Getúlio Vargas, tinha como objetivo favorecer o desenvolvimento, mediante condições mais favoráveis que as proporcionadas pelos bancos privados. Ou seja, financiando, a longo prazo, a realização dos investimentos em todos os segmentos da economia.

Ao longo de sua história, contou com presidentes de reconhecida competência, como Glycon de Paiva, Lucas Lopes, Roberto Campos, Pérsio Arida, Edmar Bacha e outros. Foi presidido, também, por uma mulher, Marisa Silva Bastos Marques, que renunciou ao cargo, sendo aproveitada como dirigente do banco de investimentos americano Goldman Sachs.

O nome de Joaquim Levy, tão logo anunciado, sofreu restrições de grupos ligados ao presidente eleito, inconformados com a sua presença numa administração que se propunha a desfazer e apurar tudo quanto de danoso ocorreu nos governos anteriores.

A insatisfação decorreu do fato de Levy ter sido secretário do Tesouro Nacional no governo Lula, a sua presença na Secretaria da Fazenda no primeiro mandato de Sérgio Cabral e haver sido recrutado por Dilma Rousseff para Ministro da Fazenda, assim que reeleita.

Ocorre que no desempenho dessas atividades Levy não deixou resquícios de sua participação – ou de sua omissão – em tudo quanto de criminoso houve naquelas gestões. E por não haver se comprometido com as falcatruas cometidas, estava apto a abrir a caixa preta do banco para apuração do que realmente houve de comprometedor e lesivo ao Brasil, de modo a ensejar a responsabilidade dos que concorreram para graves lambanças.

À época em que atuou no governo lulista, os repasses do Tesouro ao BNDES malograram, elevando a dívida bruta. Mas isto ocorreu não por negligência sua e, sim, dos grupos beneficiados por essas transferências, a exemplo da OGX de Eike Batista e da OI, mais tarde fundida com a Portugal Telecom.

Assim que Dilma teve o seu mandato renovado, a escolha de Joaquim Levy contava com perspectivas animadoras de parte do mercado. Com o passar dos dias, estas se esvaíram devido à sabotagem armada pelos corifeus do PT, contando com a ajuda da bancada do governo no Congresso.

O projeto de saneamento das finanças, encetado pelo novo ministro, sofreu críticas de toda a sorte, não demorando muito para que o País sentisse os efeitos da catástrofe econômica que abreviou o impeachment da presidente.

Além da missão de trazer a limpo os negócios furtivos levados a efeito nos governos anteriores, Joaquim Levy será o responsável por inovações no funcionamento do órgão, de modo a viabilizar as privatizações prometidas por Jair Bolsonaro, atuando, obviamente, sob o comando do futuro ministro da Economia.

Não faltam a Joaquim Levy predicados pessoais e conhecimentos suficientes para o exercício desta empreitada. Nem mesmo disposição em ajudar o seu país, como demonstrou ao deixar o posto de vice-presidente do Banco Mundial em Washington.

Tal como Paulo Guedes é doutor em Economia pela Universidade de Chicago, havendo assimilado os ensinamentos liberais de Milton Friedman, cuja doutrina, certamente, adotou.

Resta saber, doravante, se ao longo de sua esperançosa gestão contará com a mão forte do novo presidente e a compreensão do Congresso Nacional para levar adiante o que é capaz de realizar, fazendo com que o BNDES possa atender, realmente, aos fins que inspiraram a sua criação.

Aristoteles Atheniense

Presidente da Seccional mineira da OAB por dois períodos (1979 a 1983); Secretário Geral do Conselho Federal (1993/1995); Vice-Presidente Nacional da OAB

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