19/07/2013, por Atheniense Advogados

As incoerências de um movimento

Por Aristoteles Atheniense

O anunciado “Dia Nacional de Lutas” começou errado pela sua denominação. Quem luta, certamente terá de enfrentar um adversário. Mesmo porque, não se concebe que alguém se disponha a ter um aliado como contendor.

Se havia realmente a intenção de defrontar um antagonista, era necessário que este não estivesse identificado com o seu oponente.

Assim colocada a questão, tudo faz crer que os que promoveram o mencionado “dia”, em última análise, contestavam aqueles ou aquela contra quem a manifestação fora articulada.

Ficou, ainda, patente que o referido “dia” não contava com lideranças, embora a marcha envolvesse centrais sindicais, MST e outros reivindicantes das mais diferentes áreas.

As queixas formuladas pelos insurgentes tiveram como alvo o Executivo e a política que este instituiu em relação aos salários e outros direitos, que não estão sendo atendidos.

Houve, pois, um movimento contraditório, difícil de se entender, tornando-se paradoxal que CUT e Força Sindical, embora apoiando o governo, fossem às ruas externando sua insatisfação com aqueles a quem sempre estiveram ligados.

No movimento de junho, que congregou pessoas de diferentes categorias profissionais, jovens e idosos, de múltiplas condições sociais, ficou visível a disposição em não transigir mais com os abusos que vem sendo cometidos com a complacência do governo atual.

Tratava-se de um arrebatamento espontâneo que, desde o início, afastou qualquer influência partidária. As tentativas havidas no sentido de emprestar à manifestação caráter político, foram logo desmanteladas pelos que realmente pretendiam levar sua mensagem de inconformismo a todos os estados da Federação.

O mesmo não ocorreu no último dia 11, que, segundo consta, obedeceu à ordem de comando do ex-presidente Lula, na tentativa de demonstrar resistência àqueles que não lêem na mesma cartilha do PT.

Se há insatisfação dos desempregados com a falta de oportunidade na obtenção de salários dignos, que atendam aos seus reclamos; e se o custo de vida tende a tornar-se a cada dia mais preocupante, a indignação só pode ser dirigida contra aqueles que se acham no comando do país e, especialmente, do que dita as regras assimiladas, invariavelmente, no Palácio do Planalto.

Vale lembrar que há poucos meses o PT comemorou estrondosamente os dez anos em que se encontra no poder. Nas declarações havidas, tanto de parte de seus mentores como da presidente Dilma, houve a preocupação em enaltecer os que, ao longo de oito anos, detiveram as rédeas do país, anunciando que a permanência no poder ainda chegaria a vinte.

O regozijo da comemoração conflita com o desalento ocorrido por parte dos que integraram ao “Dia Nacional de Lutas”. Naquele movimento, louvava-se o petismo pelos êxitos de que se apropriou, como se, até então, nada houvesse sido feito de construtivo no Brasil.

Agora, temos os seus filiados protestando contra as condições de trabalho e o desequilíbrio dos preços, como se isto fosse obra do acaso.

Como entender?