Desconfiança no futuro
Por Aristoteles Atheniense
Segundo dados emitidos pelo IBGE, na semana passada, a taxa de desemprego dos jovens de 18 a 24 anos superou os 20% na média de seis principais regiões metropolitanas do País.
A dispensa dos trabalhadores que, em janeiro era de 7,6%, cresceu para 8,2% em Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Assim, entre janeiro e fevereiro, as demissões foram maiores no setor do comércio, importando numa queda de 8,5%, que foi o maior corte naquele período desde 2003.
O aumento da desigualdade foi consequência da recessão e das crises política e fiscal de 2015, embora o ex-presidente Lula, visando às eleições de 2018, haja afirmado recentemente que ela provém da Operação Lava Jato.
A melhora na equidade social brasileira, nos últimos 14 anos, tornou-se o refrão dos governos petistas, que, a esta altura, não poderão mais servir-se desse pretexto para lhes assegurar a continuidade no poder.
O financiamento dos programas sociais tende a decrescer com a inflação, a queda nos rendimentos e a crise fiscal, que reclama uma forte revisão, conforme defendia o ex-ministro Joaquim Levy.
Vale assinalar que, em 2015, apesar da elevação do custo das utilidades primárias, o Bolsa Família não foi reajustado.
Com o decréscimo do mercado de trabalho, neste primeiro trimestre, aqueles que perderam o emprego são forçados a promover corte de gastos no orçamento doméstico. Esta é a única maneira de atravessar a turbulência, com a restrição ao mínimo do uso de cartões de crédito.
O ministro do Trabalho, Miguel Rossetto, embora reconhecendo que o quadro atual passou a preocupar o governo, admite uma melhora durante o ano, com a ampliação de investimentos na construção civil. Daí haver anunciado que “estamos trabalhando muito para que possamos, ainda em 2016, reverter essa curva e retomarmos o crescimento econômico e a geração trabalho e emprego”.
A esta altura, o total de desocupados já atinge a 10 milhões, com a renda dos trabalhadores despencando, provocando uma corrosão no poder de compra, que registrou a queda de quase 2,5% nos últimos 12 meses.
Na avaliação de economistas, o vilão estatístico atual não seria apenas esses desligamentos – por mais expressivos que sejam. Mas, sim, o congelamento das admissões, as incertezas quanto ao rumo da economia, que leva os empresários a adiar investimentos e contratações. Portanto, enquanto perdurar essa desconfiança, a taxa de desemprego tornar-se-á ainda maior.
No atual ambiente polarizado que vivemos, segundo abalizados consultores, o “desconforto social” fatalmente aumentará, tornando-se inflamável, podendo gerar reações extremas e imprevisíveis.