Por Aristoteles Atheniense
Agosto passou a ser considerado como um mês de fatos marcantes e conturbados. A história registra a noite de São Bartolomeu (23/24 de agosto de 1572), em que pereceram na carnificina cerca de 30 mil protestantes.
Foi neste mesmo mês que Getúlio Vargas saiu da vida para “entrar na história” (24/8/1954), deixando “à sanha dos inimigos” o legado de sua morte, após uma crise política que se tornou incontrolável com a morte do major Rubens Vaz por sua guarda pessoal.
Em 25 de agosto (Dia do Soldado) de 1961, Jânio Quadros renunciou ao expressivo apoio popular obtido, após haver traído a confiança daqueles que viam nele a corporificação da honestidade, o combatente intrépido à corrupção, a esperança de melhores dias de um povo que o considerava a imagem mais autêntica da seriedade pública.
No dia 13 de agosto de 2014, o então candidato Eduardo Campos pereceu em acidente aéreo, sem que contasse com um sucessor que pudesse levar adiante as ideias que nutria em prol de uma nação fadada ao desenvolvimento, livre de acentuados desequilíbrios sociais.
Esses acontecimentos fazem com que recebamos com natural cautela o mês em curso, considerando os desacertos existentes não só no governo, como na própria oposição, que ainda não definiu o seu rumo, não conseguindo identificar quem pudesse substituir a atual presidente, caso esta venha a ser apeada do poder.
Agora, a mandatária anunciou que voltou a aliar-se à esquerda, contrapondo-se às manifestações populares ocorridas nos últimos dias. Daí buscar o prestígio da UNE e do MST, como se a ajuda dessas entidades fosse suficiente para neutralizar o descontentamento em todas as camadas da população.
O apoio que teria com o “Exército de Stédile”, anunciado por Lula, serviria apenas para tornar ainda mais preocupante os dias que estamos vivendo.
No Congresso, a sua base aliada míngua a cada dia. Do total de 513 deputados, só 16 foram contra a proposta de reajuste salarial das carreiras do funcionalismo, ainda que a aprovação da proposta possa importar em R$10 bilhões.
O esforço em prol de um ajuste fiscal subsiste somente como uma tentativa, sem maiores perspectivas de êxito, inobstante a convocação de Joaquim Levy, reconhecidamente mais identificado com a proposta de Aécio Neves do que com o pensamento petista.
Conforme afirmou, recentemente, o jornalista e acadêmico Merval Pereira, a esta altura, não há quem possa fazer qualquer previsão sobre o dia de amanhã. E quem se arriscar a emiti-la, corre o risco de ficar desmoralizado. Essas incertezas concorrem para que o mês de agosto torne-se ainda mais imprevisível.
Embora Getúlio Vargas considerasse que “política é esperar o cavalo passar”, tudo faz crer que não há, no momento, de parte do povo essa mesma disposição.
O escândalo eclodido na Petrobras ainda poderá ter sequência no BNDES, na Eletrobrás e em outros organismos estatais. É fruto da trapaça generalizada, com a prevalência dos interesses pessoais sobre os valores maiores da nacionalidade.
Em seu tempo, o Barão de Itararé já advertia o que hoje se tornou uma vergonhosa realidade: “No Brasil, a vida pública é muitas vezes a continuação da privada”.
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