22/02/2017, por Atheniense Advogados

Ministros do STJ discutem sobre interferência de presidente de colegiado no julgamento

Embargos de declaração em conflito de competência na pauta da 1ª seção do STJ nesta quarta-feira, 22, ensejou debate acerca dos limites para interferência do presidente do colegiado no julgamento.

O caso era de relatoria do ministro Napoleão, que acolhia os embargos com efeitos infringentes para declarar competente a JF/SP em detrimento da JF/RJ, que havia sido considerado competente [com acórdão publicado] em julgamento do ano passado.

O presidente da 1ª seção, ministro Herman Benjamin, foi quem fez o destaque no processo, e o fez, segundo afirmou, pela “importância desta matéria”. Concordando com a tese de fundo do relator, disse que ficou com dúvida porque o caso era de “embargos de declaração”: “E, pelo que entendi, ministro Napoleão, embora V. Exa. atribua efeitos infringentes, pelo menos não vi, nem no voto, nem na ementa, o enfrentamento de qual seria a omissão, ou a contradição, etc.”

Napoleão, então, quis saber onde era a divergência específica, ao que rapidamente o ministro Herman afirmou que não divergia de nada, ainda mais na condição de presidente, que só “destaca pontos importantes na formação de nossa jurisprudência”. E continuou: “Eu, sinceramente, como presidente, gostaria que tivesse mesmo uma contradição, uma omissão, e não um novo julgamento, para que prevalecesse a posição de V. Exa.”

O relator então foi explicar em que medida entendeu existente a contradição e/ou omissão do caso, porém Herman insistiu na explicitação do vício para que o colegiado desse tal “cavalo de pau”, alterando completamente o julgamento.

Segundo o ministro Mauro Campbell, a intervenção do presidente nessas condições pode levar, inclusive, à nulidade, na medida em que um julgador que não participa do julgamento, faz considerações meritórias e, ao fim, leva à alteração do voto de quem o preferiu, “esse julgamento para mim é nulo”.

Na resposta, o ministro Herman afirmou que não concordava com tal interpretação do regimento interno, e sugeriu que o tema fosse levado para a Comissão de Regimento Interno, para deixar “expresso”. “Eu vou continuar, enquanto presidente, a fazer comentários dessa natureza. Aqui, enquanto achar que há votos em que há relevância, eu vou destacar”, encerrou.

Fonte: Migalhas