Recente investigação procedida na Caixa Econômica Federal resultou no afastamento de quatro vice-presidentes acusados de vazarem informações a políticos sobre o andamento de pedidos de empréstimos, sendo confirmada a destituição de três.
Os sinais de corrupção, ora descobertos no âmbito da Caixa, não surpreendem, pois, apesar de haver lei específica que deveria regular a nomeação em estatais, confirma-se o fato de que nossas empresas públicas não passam de instrumentos usados por políticos para consolidar o poder e obter favorecimentos.
A sindicância revelou que os cargos de vice-presidentes da empresa são preenchidos mediante negociações do governo Temer com a base aliada, em busca de apoio às propostas enviadas ao Congresso.
Não bastasse o vergonhoso critério de indicação de apaniguados, restou ainda esclarecido que no próximo ano deverá ocorrer aumento de 37% no salário dos 12 vice-presidentes, que passarão a receber R$87.398,94 mensais, sendo que no momento a remuneração é de R$63.548,63.
Já os economiários de carreira, obtiveram no último reajuste somente 2,75%, percentual um pouco abaixo da inflação de 2017.
O aumento dos diretores, aprovado no apagar das luzes de 2017, está na dependência do aval do Conselho de Administração, em sua maioria formado pelos representantes do Ministério da Fazenda.
A Caixa Econômica Federal, modelo de instituição financeira criada em 12 de janeiro de 1861 por D. Pedro II, sempre foi administrada por pessoas de elevado conceito, que, embora sendo políticos, não se aproveitaram e nem permitiram que seus subalternos se locupletassem dos cargos exercidos.
Minas Gerais esteve representado no Conselho Superior da Caixa Econômica Federal por Bias Fortes, que foi nomeado pelo presidente Dutra, vindo a tornar-se governador do Estado. Entre 1978 e 1981, Oswaldo Pieruccetti assumiu a presidência, instituindo métodos eficazes na sua estrutura funcional.
Tanto Bias Fortes, pessedista histórico e ex-ministro da justiça, como Pieruccetti, udenista respeitado e líder do Movimento Militar de 1964, jamais foram alvo de qualquer suspeita em suas administrações, por maior que fosse o interesse político havido nas suas escolhas.
No momento, a tradicional Caixa converteu-se em campo fértil para toda espécie de estripulias, que tiveram no ex-vice-presidente Geddel Vieira Lima, hoje “estagiando” na Papuda, o mais legítimo representante desta geração de corruptos que tomou conta do país.
O atual presidente, Gilberto Occhi, empenhou-se na operação de socorro de R$15 bilhões à Caixa com recursos do FGTS, o que gerou ação popular em curso na Justiça Federal, destinada a barrar a transação.
O novo estatuto, que estava para ser aprovado em reunião extraordinária, estabelecia que, doravante, a nomeação dos vices passaria pelo Conselho de Administração, atendendo a sugestão do Ministério da Fazenda e Banco Central.
O novo sistema sofre resistência até mesmo do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pois, a prevalecer o texto reformado, as nomeações ficariam condicionadas à comprovação de idoneidade e requisitos técnicos. A sua implantação retiraria dos políticos e do próprio governo federal a possibilidade de negociarem as vice-presidências por preços vexatórios, como vem ocorrendo.
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