Ante o resultado do segundo turno, prevaleceu a opção que levará o capitão reformado Jair Bolsonaro a ostentar a faixa presidencial.
Conforme anotou a colunista Eliane Cantanhêde (“O Estado de S. Paulo”, 16/10/18), ainda subsiste uma dúvida a ser considerada: “Até que ponto um governo com forte apoio dos militares e com participação de altas patentes poderá contaminar as Forças Armadas, com a volta da politização, dos grupos e das consequentes disputas internas de poder?”
Afastada de vez a possibilidade de um golpe militar, não deve ser descartada a conjetura de que possamos ter uma democracia tutelada, ou seja, uma tutela militar sob um governo civil e legitimamente eleito.
A Venezuela, já no início do primeiro mandato de Hugo Chávez, viveu experiências que guardam certa relação com algumas das propostas bolsonaristas. Até então, enfrentava uma corrupção em grau elevado, com um Congresso alienado, partidos e políticos descompromissados com os interesses do povo.
Não demorou muito para que uma onda de violência tomasse conta do país, o que concorreu para o elevado índice de desemprego, sem que medidas efetivas pudessem infundir na população confiança no novo dirigente.
Na atual fase que atravessamos, cuja característica maior é a tríade saúde, educação e segurança, proclamado o candidato vitorioso, não tardarão os reclamos da coletividade exigindo que suas demandas sejam satisfeitas em curto prazo.
A propaganda política partidária tornou-se uma enxurrada de ofensas recíprocas, sem que houvesse notícia de projetos viáveis que pudessem minimizar a fúria das facções conflitantes. O PT jogou o Brasil nos braços da extrema-direita, cujo radicalismo criou sérias fissuras no tecido social.
Conhecido o desfecho da contenda, deverá o eleitorado livrar-se dos efeitos deletérios das campanhas findas, de modo que possamos reconstruir uma nação de todos os brasileiros, livre do nefasto refrão “nós e eles” que nos levou a um estado de intolerância e desencanto generalizado.
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