Os riscos das grandes fortunas
Em recente entrevista concedida por Warren Buffett à revista “Time”, aquele que é considerado o terceiro homem mais rico do mundo adiantou que, no futuro, os seus investimentos deverão tornar-se ainda maiores, devido à confiança que nutre nas atividades que desempenha.
O seu pronunciamento, que teve a maior repercussão nos Estados Unidos, deve servir de estimulo, também, aos brasileiros, em razão da onda de euforia que vem tomando conta do nosso país.
Ao longo de uma trajetória de apenas doze anos, Alan Mecham, hoje com 34 anos, criou um fundo privado de investimentos chamado Arlington Value Management, obtendo um surpreendente retorno acumulado de mais de 400%, aplicado em ações de empresas norte-americanas.
O bilionário investidor, que abandonou a faculdade pública antes de terminar o curso para atuar em investimentos, foi incisivo ao declarar: “Aprendi a fazer negócios porque leio muito e procuro estar bem informado. Ter muitas atividades diferentes, ou seja, querer ter bons resultados de investimentos em muitas empresas é perigoso. Acredito que a atividade exagerada é inimiga de rendimento”.
Com isto, este jovem empreendedor, que detém uma carteira de US$ 80 milhões, deixou claro que toda diversificação empresarial que não obedeça a um desígnio cuidadoso será temerária, por mais competente que seja aquele que se propõe a torná-la maior.
Esse espírito contagiante certamente haverá de concorrer para o incremento empresarial, fazendo com que novas oportunidades surjam nos mais diferentes setores, propiciando o crescimento do produto interno bruto.
Em 1998, os brasileiros foram questionados em relação ao seguinte: “A vida de seus filhos será melhor, igual ou pior do que a sua própria vida?” Naquele ano, para 55% da população a vida dos filhos tenderia a ser melhor no futuro, ao passo que em 2011 esse questionamento atingiu positivamente a 70%.
A pesquisa, levada a efeito pelo Instituto MCI, ensejou a manifestação de seu proprietário Antonio Lavareda: “Houve realmente um brutal crescimento de crédito nos últimos anos e as pessoas já estão consumindo hoje com o dinheiro que ganharão amanhã”.
Assim, “é o cheque especial, o cartão de crédito e os financiamentos, cada vez mais atrativos, que estão fazendo as pessoas comprarem automóveis, aparelhos eletrodomésticos e pacotes de viagens turísticas”, acrescentou.
A despeito do impacto que esse otimismo vem causando, é oportuno considerar que nem sempre o empresário cerca-se das devidas cautelas na realização de um plano. Na maioria das vezes, deixa de promover um estudo prévio de mercado, com a avaliação da política econômica vigente, submetendo-se aos riscos próprios de quem busca o lucro imediato.
Daí muitos se endividarem antecipadamente indiferentes às crises internacionais, como se estas jamais pudessem afetar o Brasil. Foi o que sustentou o ex-presidente Lula, seguro de que o nosso país estaria imune aos atropelos financeiros vividos por outras nações.
Cabe considerar, no entanto, que o Brasil ainda vive dificuldades crônicas, notadamente na saúde, educação, transporte e segurança, sem que as medidas até agora adotadas houvessem obtido resultado satisfatório.
Assim, inobstante a decantada aptidão dos lideres governamentais no combate a esses males, muita coisa ainda deve ser feita. O ufanismo que grassa no momento deve ser recebido com resguardo, sob pena de sermos vítimas de fatos contingenciais, a exemplo do que ocorre na Grécia, Espanha, Portugal e Itália, hoje atrelados a instituições financeiras internacionais de que não conseguirão se livrar nos próximos anos.