Um país incerto
Por Aristoteles Atheniense
A redução da nota de crédito brasileira, divulgada pela companhia americana Standard & Poor´s (S&P), despertou vivo interesse nos centros financeiros, ao mesmo tempo em que serviria para desfazer a imagem falsa de crescimento sustentada pela presidente Dilma Rousseff.
A impressão inicial era a de que o fato iria repercutir negativamente junto a Bolsa de Valores, o que não aconteceu. Surpreendentemente, nesta houve alta, enquanto o dólar caía.
Sempre que há um fato inesperado o reflexo na economia é imediato. No recente episódio, o que chamou atenção foi a nota dada ao Brasil (“BBB-”), somente um degrau acima da categoria especulativa.
Ainda assim, os motivos arrolados pela S&P, como o crescimento econômico insatisfatório e enfraquecimento das contas externas, não importaram numa descrença significativa no futuro do país, caso sejam processados os acertos necessários para a restauração de nossas finanças.
Não há como avaliar as consequências daquela notícia sem que se cogite, também, do pleito eleitoral vindouro. O recente escândalo envolvendo a Petrobras, inobstante o esforço do governo em minimizá-lo, poderá repercutir na disputa pelo Planalto, embora não se possa afirmar que isto ocorrerá como uma fatalidade.
A perda de credibilidade da atual administração não pode ser desprezada, mesmo com as medidas eleitoreiras com que estão sendo contempladas as classes menos favorecidas.
As insatisfações dos líderes dos partidos da base aliada não garantem o apoio que possam dar aos seus adversários na formação de uma CPI, que abranja não só as trapaças cometidas na Petrobras, como em outros órgãos tutelados pelo PT.
Mas os fatos desabonadores havidos na gestão atual, por mais graves que sejam, até agora não afetaram o projeto de reeleição, quando ainda não são conhecidos, com absoluta certeza, quais serão os candidatos que se habilitarão a enfrentar a atual presidente.
A promessa divulgada pelo Ministro da Justiça de que teremos uma investigação séria e transparente do que ocorreu na Petrobras, não pode ser levada a sério, sob pena de desmoronamento da política arquitetada pelo ex-presidente Lula.
A prisão de um ex-diretor da empresa estatal, as sindicâncias levadas a efeito pela Polícia Federal, embora possam sugerir presumível interesse na apuração das fraudes praticadas, não induzem a existência de um resultado que importe na punição dos malfeitores.
Diante deste quadro incerto, é impossível sustentar que o rebaixamento da nota de crédito do país importou numa calamidade, com reflexo na pugna eleitoral, a esta altura, já em curso.
As pesquisas recentemente divulgadas concorrem para desestimular a atuação dos partidos opositores. A baixa produtividade e a elevação do custo de vida, insucessos que poderiam ajudá-los nesse esforço conjunto, não são fatores capazes de assegurar um desfecho promissor na campanha desarticulada em que estão empenhados.