13/12/2013, por Atheniense Advogados

Um país sem opções

Por Aristoteles Atheniense

A última pesquisa do Datafolha registrou um resultado expressivo em favor da presidente Dilma Rousseff, que está sendo considerado paradoxal. A maioria dos eleitores consultados entende como sendo indispensável uma mudança na economia e na política do país, mas revela o seu propósito de reconduzir Dilma ao Planalto em 2014.

A sondagem levada a efeito importa numa recuperação petista nas intenções de voto, retomando pontos perdidos quando das manifestações de junho passado. Há quem considere que aquela eclosão ocorreu no ano errado. Deveria ter sido deflagrada em 2014, preferentemente às vésperas da eleição presidencial…

A indagação realizada demonstrou que dois terços dos brasileiros preferem que o governo atual adote novos métodos, diferentes daqueles que foram postos em prática. A avaliação positiva deu-se, principalmente, na região norte/nordeste, onde os programas assistencialistas têm maior repercussão.

Certo é, no entanto, que a despeito dos benefícios recebidos, ainda é visível a carência no enfrentamento de problemas estruturais, o que deverá ser explorado pela oposição vacilante, ainda que com atraso.

A recente divulgação do PIB do terceiro trimestre revelou o pior resultado conhecido em quatro anos, segundo o IBGE. A magnitude da queda superou a média das estimativas do mercado financeiro, contrariando a expectativa do ministro da Fazenda e da própria presidente. Esta insiste em manter Guido Mantega no posto que ocupa, embora este sustente que os resultados conhecidos são melhores que os do ano passado…

Não menos esquisita é a sua afirmativa quanto ao resultado ruim do terceiro trimestre, acusando a queda de 0,5% em relação ao anterior, sem que consiga explicar e convencer a procedência desse raciocínio. Segundo Mantega, nada há de decepcionante, pois, a economia brasileira está num ritmo gradual de crescimento, havendo possibilidade de um resultado alvissareiro no quarto trimestre “pela base de comparação”.

Conforme alguns especialistas, Dilma não promoverá qualquer correção de rumo porque teme o seu impacto sobre as eleições do próximo ano. Assim, em que pese contarmos com uma economia confusa e um governo ainda mais equivocado, nada disto concorrerá para tirar a presidente da ponta das intenções de voto.

Ocorre que, mesmo com os números apontados na consulta do Datafolha, há no próprio PT quem considere que a eleição ainda não está ganha, não podendo ser descartado o movimento ascendente dos dois candidatos que estão em posição inferior.

Daí o esforço para encurtar o espaço dos concorrentes, mediante divulgação de atos do governo, tanto no horário oficial como no eleitoral, visando atrair outros partidos para a coalizão petista, de forma que os concorrentes disponham do menor tempo possível no rádio e na televisão.

Na situação atual, a presidente tomou conta da cena política. Os seus oponentes não conseguiram sequer formalizar suas candidaturas. O eleitorado, mesmo discordando da administração de hoje, não tem condição de optar por outros nomes, pois, nos partidos oposicionistas isto ainda não ficou definido.