Por Aristoteles Atheniense
O esforço do governo federal em recuperar o prestígio de que desfrutou na administração do ex-presidente Lula, com o lançamento do Programa de Investimento em Logística (PIL), causou surpresa pela fase difícil que o País atravessa.
Ninguém de bom senso seria capaz de aplaudir as inovações anunciadas num momento de crise econômica, desemprego, recessão, queda de investimentos e outras mazelas consequentes do primeiro mandato da atual presidente.
Constitui uma temeridade o anúncio feito com a visível intenção de amenizar a descrença que tomou conta dos brasileiros, como se a divulgação de estradas e ferrovias de elevado custo fosse suficiente para conter as críticas desfechadas pelo PT, conhecidas no 5º Congresso do partido, realizado em Salvador.
O novo plano, ainda que traga algumas inovações em relação ao fiasco do que foi lançado em 2012, não leva a certeza de que se prestará a restabelecer a confiança nas medidas divulgadas, como se fossem suficientes para assegurar a estabilidade social, ante a incredulidade que se alastra por toda a Federação.
Não serão as outorgas nas concessões, acrescidas de promessas de taxas de retorno feitas aos investidores, que irão contribuir para a recuperação da credibilidade afetada desde o mensalão e que alcançou índice maior na medida em que são conhecidas as estripulias da Petrobras, tendo o PT e seus dirigentes como os maiores beneficiários.
Razão assiste ao economista Eduardo Giannetti quando interpretou o PAC como sendo um “programa de abuso da credibilidade” que, ao ser anunciado em 2007, contemplando 1600 “ações de governo”, estimulou a demanda antes que eclodisse a crise global de 2008.
Na “revisão” operada naquele projeto, no início de 2009, o número de ações do governo superou a 2200, sendo que mais da metade em obras, com um investimento de mais de R$1 trilhão.
Prevalecia a impressão de que o PAC, no quarto ano consecutivo, estimularia o consumo privado e público, promovendo uma grande expansão da oferta doméstica.
Em novembro de 2009, a capa da revista “Economist” trazia a estátua do Cristo Redentor decolando como um míssil, a representar o espírito do momento. Era como se o Brasil houvesse alcançado uma trajetória de crescimento invulgar, capaz de gerar a inveja de seus competidores.
Recentemente, o Banco Mundial projetou para a economia global um crescimento de 2,8% neste ano, 3,3% no próximo e 3,2% em 2017. Enquanto isto, em nosso país as estimativas indicam – não o aumento – mas uma contração de 1,3% em 2015, só admitindo expansão, assim mesmo de 1%, em 2016 e 2% no ano seguinte.
Mas, para que isto aconteça torna-se indispensável elevar o nível de investimentos, contornar as dificuldades fiscais, além de corrigir as deficiências de infraestrutura.
Na mencionada antevisão do Banco Mundial, este, ao focalizar os “escândalos de corrupção”, reservou ao Brasil maior destaque. Ainda que a sua presidente não veja nesse vício nada que pudesse emperrar o crescimento, procurando, como sempre faz, atribuir essa inquietação à crise mundial.
As viagens que empreendeu nos últimos anos não foram suficientes para que se conscientizasse de que as dificuldades dos outros países tendem a minorar. Enquanto as nossas tornam-se, a cada dia, ainda mais alarmantes.
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