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Simon Peres, o artífice da paz

Por Aristoteles Atheniense

Shimon Peres, natural da Polônia, chegou à região ainda hoje conflitada aos 11 anos de idade. Em 1948, participou da criação do novo Estado, desempenhando, com maestria, as ações de que foi incumbido pelo primeiro presidente, David Ben-Gurion, na guerra pela independência.

Ao contrário de outros políticos israelenses que viam na OLP (Organização para a Libertação da Palestina) uma organização clandestina, Peres foi ao encontro de Yasser Arafat, daí resultando a Declaração de Oslo, que lhe assegurou, como ao primeiro-ministro Yitzhak Rabin e ao próprio Arafat, o prêmio Nobel da Paz em 1994.

Peres era o único sobrevivente daquela notável trilogia que logrou estabelecer as bases da autonomia palestina, gerando esperança para a solução da pendência que ainda hoje subsiste. Naquele acordo, a OLP reconhecia o estado de Israel, e este a OLP como representante do povo palestino. Desde então, eram aguardadas as conquistas graduais por meio de negociações, ao longo de um promissor quinquênio de transição com o início de um processo de reconciliação.

Com o assassinato de Yitzhak Rabin, pelo judeu ultraortodoxo Yigal Amir, Shimon Peres tornou-se o seu sucessor, num clima de insegurança que concorreu para o retorno ao poder do Partido Conservador, liderado por Benjamin Netanyahu. O novo governo, que prometera futuras concessões aos palestinos, contrariou o acordo de Oslo, passando logo a retomar a expansão dos assentamentos, com o agravamento da violência.

A atuação exercida pelo secretário dos Estados Unidos, John Kerry, em prol da solução defendida por Shimon Peres, fracassou devido à obstinação de Netanyahu, impedindo que os palestinos contassem com um Estado enquanto estivesse no poder.

Essa vocação opressora assegurou a sua reeleição como primeiro-ministro, embora se admita que até 2020 o número de palestinos em Israel deverá superar o de judeus.

Como Mahmoud Abbas, hoje com 81 anos, está enfraquecido na OLP, sem que se saiba quem o sucederá, paira compreensível incerteza quanto aos propósitos de paz defendidos por Shimon Peres. Este, em conversa com Barack Obama, foi autêntico ao afirmar: “O povo judeu sempre esteve contra escravos e amos. E os palestinos devem ser tratados de igual para igual, pois esse era o seu senso de Justiça”.

O legado de Peres pode ser resumido na sua reflexão pacifista transmitida em entrevista à revista “Veja”, em 1987: “É de nossa responsabilidade lançar iniciativas em direção à paz. Não fazemos isso como favor a ninguém, mas como favor a nós mesmos”.

Atheniense

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