Uma ajuda imerecida
Por Aristoteles Atheniense
O ex-presidente Lula, na sua obstinada tentativa de conseguir para o Brasil um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU, empenhou-se junto aos países subdesenvolvidos, integrantes daquele organismo, para que apoiassem o nosso país em sua insistente proposta.
A África foi um dos continentes onde mais atuou, visitando prioritariamente os países devedores do Brasil. Assim, sem ouvir o Congresso, foi perdoando, generosamente, os débitos existentes, sem exigir dos inadimplentes qualquer justificativa para a concessão das benesses.
O fato repetiu-se agora, com a ida da presidente Dilma Rousseff à capital da Etiópia, na festa comemorativa dos 50 anos da União Africana.
A sede desse organismo foi construída e financiada pela China, que está investindo pesadamente naquele país.
Com o propósito de impressionar os seus dez mil convidados para as comemorações que se estenderão até o fim do ano – e que custarão US$ 3 milhões –, o presidente etíope faz alarde do declínio de guerras e a melhoria dos indicadores de desenvolvimento, como saúde, educação e mortalidade infantil.
A presidente Dilma, no primeiro contato com a imprensa estrangeira, prometeu reestruturar ou perdoar quase US$ 900 milhões a doze países africanos. Só a República do Congo será contemplada com a US$ 352 milhões e a Tanzânia com US$ 237 milhões.
Segundo afirmou o porta-voz da presidência Thomas Traumann, “manter relações especiais com a África é estratégico para a política externa brasileira”. Ocorre que nesses subterfúgios estão compreendidas poderosas empresas brasileiras, que realizarão obras naquele continente.
Assim, o expediente adotado na África é o mesmo já posto em prática em Cuba e em outras nações centro-americanas, afinadas com a ideologia do governo atual.
Merece destaque o fato de que na solenidade de instalação do evento participaram da mesa, ao lado da presidente brasileira, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry e o presidente da França, François Hollande.
Causou surpresa a presença de Robert Mugabe, há 33 anos na presidência do Zimbábue e de Uhuru Kenyatta, do Quênia, que já foram indiciados pelo Tribunal Penal Internacional por violência política cometida contra os seus opositores.
É estranho que o Brasil continue tão benevolente no estrangeiro, como se o país contasse, presentemente, com abundância de recursos.
Enquanto aqui sobejam as greves de professores, médicos, trabalhadores da Saúde e do Judiciário, pleiteando justa remuneração, recebendo do Executivo a surrada desculpa da falta de recurso orçamentário no atendimento a essas necessidades primárias.