Uma campanha orquestrada
Por Aristoteles Atheniense
Logo após a prisão de alguns condenados pelo STF, o Partido dos Trabalhadores deflagrou uma campanha de desprestígio tanto àquela Corte, como à mídia nacional.
Esta atuação visa a libertação de José Dirceu e José Genoíno, como se o clamor partidário tivesse força suficiente para fazer das condenações impostas do preto o branco e do quadrado o redondo.
O assessor especial da presidente Dilma Rousseff, Marco Aurélio Garcia, ficou incumbido de demonstrar que o PT é vítima do atual sistema político eleitoral. Segundo ele, é este método que “favorece a corrupção”, dando a entender que, se não fossem as deficiências desse processo eletivo, jamais teríamos prevaricadores e nem motivo para a punição imposta aos seus correligionários.
Foi surpreendente a posição que Garcia assumiu perante o Diretório Nacional, na última semana, empunhando a bandeira da ética como forma de atenuar os efeitos negativos do escândalo que envolveu figuras proeminentes da falange petista.
Vale lembrar que, após o movimento de junho, a presidente Dilma chegou a sugerir ao Congresso a realização de um plebiscito, como expediente destinado a realização da reforma política. A sua sugestão, que compreendia o financiamento público de campanha, morreu no nascedouro.
Agora, o seu assessor, que fez de Hugo Chávez e Fidel Castro seus conselheiros permanentes, lançou um documento em que critica o Judiciário como sendo um “sistema judicial lento, elitista e pouco transparente”, estando “permeado por interesses privados”.
Para não perder o costume, a declaração ainda atacou o governo de Fernando Henrique Cardoso, pelos efeitos perniciosos da recessão, juros abusivos e dívida externa.
A posição sustentada neste manifesto identifica-se à proclamação do MST, que, em carta dirigida a Dirceu e Genoíno, acusou o STF de fazer “julgamento de exceção” e de ser “serviçal à classe dominante, que há anos vem atuando contra a classe trabalhadora, os movimentos sociais e a luta política”.
O MST reitera o seu compromisso “em denunciar e combater as práticas promíscuas de parte do Judiciário e da mídia burguesa”.
A história sempre deve ser enfrentada com o cérebro e não com o coração. A reflexão deverá superar a exasperação. Esse esforço conjunto, que vem sendo posto em prática por diversos setores do Partido dos Trabalhadores, tem finalidade meramente eleitoreira.
Presta-se a demonstrar que a liderança populista ainda não se acostumou a viver no regime de direito, não se acanhando em fazer uso de argumentos estéreis, de afirmações inconsequentes, para criar um clima de insatisfação generalizada que lhe possa render nas urnas dividendos eleitorais expressivos, assegurando a manutenção de sua autoridade e as consequências que dela decorrem.
Daí a necessidade de que o povo castigue nas urnas os erros daqueles que conservam o poder de mando, ao invés de se dar por satisfeito com as recompensas sociais que lhes são propiciadas, com o visível propósito de impedir que a verdade venha à tona.