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A crise portuguesa

A onda de insatisfação com as medidas postas em prática nos países europeus tende a tornar-se cada dia mais grave, sem que se possa prever até quando subsistirá.

As recentes manifestações contrárias ao presidente François Hollande, eleito com votos da esquerda, serviu para demonstrar que os seus pronunciamentos contrários à contenção de gastos não passaram de refrão de candidato, distanciado da realidade econômica da França. Daí o fracasso prematuramente conhecido.

Na Grécia, o primeiro-ministro Antonio Samaras, eleito há menos de um ano, pleiteou junto ao presidente do Banco Central Europeu um socorro financeiro nas mesmas condições do que foi concedido a Espanha. Assim, ao invés de empréstimo, o premiê grego postula a redução da dívida do país, a fim de que não seja obrigado a comprometer-se com o Fundo Monetário Internacional, sabendo de antemão que as operações daquele organismo são manifestamente onerosas.

A ajuda que o Conselho da União Europeia dispensou ao governo espanhol consistiu na recapitalização de seu setor bancário, com o que a Espanha ficaria dispensada de adotar medidas de austeridade defendidas pela Alemanha para todas as nações que se encontram em situação aflitiva.

No quadro atual, a Grécia é o país onde os protestos diários contra a crise revelam que as providências, até agora adotadas, não infundem a menor esperança em sua recuperação, inobstante a troca de seu comando.

Em Portugal, um dia após ser anunciado o aumento de 30% no Imposto de Renda, eclodiu um movimento de protesto diante da residência oficial do primeiro-ministro Passos Coelho, promovido pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP). No alvoroço criado, a turba bradava: “Passos, para de roubar e põe-te a andar… é preciso, é urgente, correr com esta gente… governo de ladrões, ao serviço de patrões…”.

O mandatário lusitano que, a esta altura, já enfrentou duas moções de censura no Parlamento português, não presenciou o motim por encontrar-se na Eslováquia, num encontro com líderes de quinze países europeus.

Conforme promessa do secretário-geral do CGTP, no próximo dia 14 de novembro eclodirá uma greve geral, caso até lá Passos Coelho não consiga obter aprovação no parlamento de um plano de governo capaz de conter o descontentamento generalizado.

 

Atheniense

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