Por Aristoteles Atheniense
Recente pesquisa promovida pela agência Bendixen & Armandi, em que foram ouvidos mais de 12 mil católicos em 12 países, concluiu que, embora o Papa Francisco houvesse obtido uma consagradora aprovação, ainda deverá enfrentar dissidências, notadamente na América Latina.
Este continente encontra-se muito dividido em relação a temas polêmicos, como a aceitação de casais homossexuais e o aborto. Quanto a este último, há uma distância expressiva da doutrina oficial do Vaticano, a começar da Argentina.
No país onde nasceu Jorge Mário Bergóglio, 81% manifestaram-se a favor, enquanto 18% entendem que o aborto não deveria ser permitido em nenhuma circunstância.
No México, que sempre foi considerado uma nação católica, houve um resultado surpreendente: 26% dos católicos mexicanos consideraram que o desempenho de Francisco é medíocre e ruim, embora 63% o aprovem na resistência ao exercício do sacerdócio pelas mulheres e 62% ao casamento homossexual.
No levantamento realizado no Brasil ficou patente a nossa vocação liberal, similar a Argentina. Em nosso país, 81% manifestaram-se favoráveis ao aborto, enquanto que 94% opinaram favoravelmente ao uso de anticoncepcionais.
Os brasileiros são contrários ao celibato sacerdotal (60% contra 37%) e aceitam o sacerdócio feminino (50% contra 45%).
Apesar dessas manifestações, o desempenho do Papa Francisco à frente da Igreja Católica foi considerado bom ou excelente para 91% dos nacionais, sendo que somente 6% desaprovaram a sua atuação.
Esses dados foram colhidos após a realização do Fórum Econômico em Davos-Klosters, que teve o Sumo Pontífice como um dos convidados. A sua representação foi delegada ao cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz.
Na mensagem enviada àquele encontro anual, o Papa Francisco referiu-se às “mudanças notáveis e progressos significativos em diversos âmbitos, com consequências importantes para a vida dos homens”.
No rol dessas transformações, mencionou a saúde, educação e comunicação. Mas não aludiu às questões doutrinárias controvertidas que foram objeto da mencionada pesquisa.
O Prelado exortou a comunidade empresarial internacional a guiar-se “por elevados ideais de justiça, generosidade e solicitude pelo autêntico desenvolvimento da família humana”, acrescentando que a riqueza deva estar a serviço da humanidade e não de quem a governa.
Assim, mesmo não se ocupando dos assuntos debatidos com frequência pelos católicos de todo o mundo, o Papa Francisco reconheceu como sendo indispensável “um renovado, profundo e amplo sentido de responsabilidade por parte de todos”.
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