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Dois grandes juízes

Por Aristoteles Atheniense

O Judiciário mineiro perdeu, no mês maio, o desembargador José Norberto Vaz de Mello, reconhecido e acatado como o paradigma da magistratura comprometida somente com os valores maiores da nossa sociedade.

Ao longo de seu fecundo desempenho, marcado pela ponderação, Vaz de Mello não se embeveceu pelas elevadas funções que exerceu.

Tornou-se um luminoso e vertical itinerário de retidão, convertendo-se num símbolo de conciliação, sendo admirado em todas as comarcas onde cumpriu o seu ofício com desassombro e firmeza.

Daí o conceito que amanhou junto aos advogados e jurisdicionados, como o juiz sóbrio, sempre disposto a ouvir aos que a ele recorriam, sem sofrer influência de qualquer natureza.

Como presidente dos Tribunais de Justiça e Eleitoral, curvou-se somente aos ditames de sua consciência, resistindo às eventuais pressões, assegurando a todos um tratamento isonômico, que concorreu para a sua permanente autoridade.

Havendo exercido transitoriamente o Executivo estadual, em substituição ao governador Hélio Garcia, Vaz de Mello dignificou o Poder que representava, sem se deslumbrar com a função em que fora investido.

Foi comemorado, no dia 3 do corrente, o centenário do desembargador Edésio Fernandes, referência maior do nosso Judiciário, cuja vida foi um exemplo constante de nobreza e respeitabilidade.

Tudo quanto possa ser dito a seu respeito, pela altivez com que desempenhou sua função, ainda será pouco, ante o que realizou.

Edésio Fernandes, na mocidade, foi combativo líder estudantil e presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Como cidadão e professor, ensinou, sobretudo, pelo exemplo, pela modéstia, não se extasiando com o prestígio que adquiriu, mercê de sua formação humanística, jurídica e ética.

O tratamento que conferiu aos grandes e pequenos, na função judicante, com compreensão e bondade, explica as deferências que lhe foram tributadas quando de seu falecimento (14/12/1980), que não podem se perder na bruma do tempo.

Edésio Fernandes e José Norberto Vaz de Mello – juízes de uma mesma geração, amigos e admiradores mútuos, padrões de ética e civilidade – devem ter os seus nomes perpetuados pela contribuição admirável que deram a Minas Gerais, servindo de protótipos aos magistrados pelos princípios que sustentaram.

Partiram, sim, mas reafirmando-se na serena sublimação de seus atos e de seus exemplos.

Atheniense

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