Uma mulher de coragem
Por Aristoteles Atheniense
Teve início a inédita operação destinada a eliminar, em alto-mar, as armas mais letais do ditador sírio Bashar al-Assad, num processo de que participam oito países coordenados pela ONU.
Esta missão, considerada como sendo da mais alta importância para o restabelecimento da paz na Síria, resultou de seguidas negociações, cujo desfecho parecia inatingível.
Devido ao que ficou ajustado, a Síria deverá desmantelar o seu poderio, colocando-as à disposição da comunidade internacional representada OPAQ e ONU, para que as destrua.
A execução do plano estabelecido pelas Nações Unidas foi confiada a uma mulher de 52 anos. Trata-se de Sigrid Kaag, diplomata holandesa, que trabalha naquele organismo desde 1994.
Mestre em Filosofia das Relações Internacionais, no Oriente Médio, por Oxford, além de detentora de um extenso currículo, Sigrid Kaag vem desempenhando esta função sem prejuízo da que exerce como mãe de quatro filhos, oriundos de seu casamento com o diplomata palestino Anis al-Qaq. O casal reside em Nova Iorque.
Kaag, que domina cinco idiomas, considera relevante o papel que cumpre mantendo unida a família, como declarou em recente entrevista, “sem prejuízo das atividades que desempenha em prol da paz mundial”.
Devido às implicações políticas, os inspetores que supervisionam a destruição das armas químicas correm risco de vida. Mas este perigo não causa temor a Kaag, que se julga uma profissional idealista, em condições de levar a bom termo as ordens recebidas da instituição a que serve. Tendo já vivido em Ammán, Beirute e Jerusalém, conhece a fundo a região do conflito sírio.
A contenda entre governo e opositores já causou 120 mil mortes, obrigando a busca de refúgio por parte de 2 milhões de sírios na Jordânia, Líbano, Turquia, Iraque e Egito.
O plano de desarmamento estabelecido entre Estados Unidos e Rússia prevê a data de 30 de junho de 2014 como sendo definitiva para a eliminação completa do arsenal químico. Com este acordo tornou-se possível evitar um ataque estadunidense à Síria, que parecia iminente.
A empreitada conferida à diplomata Sigrid Kaag consiste em não permitir que Washington e Moscou percam a convicção no que fora acertado, visando a obtenção de um resultado que importe no restabelecimento do prestígio da ONU.
A holandesa tornou-se depositária da confiança do organismo internacional, tanto em razão de sua experiência como da segurança que demonstra no papel que desempenha. Possui autoridade suficiente para fazer da operação multinacional um esforço conjunto capaz de cessar a carnificina que assolou a Síria, trazendo a seu povo a tranquilidade que tanto almeja.