Categories: Artigos

O presidente que não perdeu o poder

Por Aristoteles Atheniense

A recente declaração da presidente Dilma Rousseff de que “Lula não vai voltar porque ele não saiu”, importou no reconhecimento oficial de que o ex-presidente continua exercendo papel decisivo na sua administração.

Houve, assim, a confissão explícita – e tardia – de que realmente o Executivo não foi transferido à atual gestora. Esta continua dependente de seu antecessor, tanto nas medidas adotadas como nas omissões conscientes em que vem incorrendo.

Segundo Rui Barbosa, “governar é, primeiro que tudo, saber o que se quer, a razão por que se quer, as consequências do que se quer”.

O dirigente que não tenha a noção exata do que pretende fazer e dos efeitos de sua realização, não está habilitado a cumprir o mandato que o povo lhe outorgou.

Portanto, não estará também apto a cogitar de uma reforma política nem de um plebiscito, que, embora sendo providências de repercussão nacional, jamais vingariam, se a autora destas propostas não tem sequer a noção precisa do que lhe cumpre fazer no momento.

O aumento da arrecadação tributária, ainda que permitindo maior ação do Estado em relação à saúde, educação e distribuição de renda, não tem maior significado se o governante não souber como aplicar os recursos de que dispõe.

Agora, as vésperas do reinício da atividade congressual, a presidente Dilma Rousseff, cercada de ministros e assessores, promoveu a liberação de R$ 2 bilhões para satisfazer as emendas de deputados e senadores ao orçamento da União.

Esses recursos vinham sendo aguardados desde maio. E só foram concedidos devido ao enfraquecimento da base aliada nas derrotas sofridas pelo governo, inclusive com a conivência de parlamentares afeiçoados à administração petista.

A estratégia montada por Dilma Rousseff é fruto, também, da queda de sua popularidade e das manifestações de junho. Vale lembrar que estamos em agosto, mês agourento, marcado por acontecimentos trágicos e de repercussão política negativa, a exemplo do suicídio de Getúlio Vargas e a renúncia de Jânio Quadros.

Entre os projetos que deverão ser votados, figuram a medida provisória do programa “Mais Médicos” e a proposta de reversão dos royalties do petróleo para educação e saúde.

A prevalecer a confissão da presidente Dilma de que Lula não voltará “porque ele não saiu”, será o caso então dela valer-se de seu mentor na obtenção dos resultados que persegue.

É intuitivo que os favores com que contemplou os seus aliados no Congresso, por si só, não proporcionarão os efeitos esperados. É indispensável a efetiva atuação daquele que, tendo deixado o Palácio da Alvorada, ainda continua mandando em tudo que acontece no Planalto.

A proximidade das eleições de 2014 recomenda esta providência.

Atheniense

Recent Posts

Jornal Estado de Minas publica artigo de Luciana Atheniense sobre transporte aéreo de animais de estimação

Morte de cão em voo da Gol: as falhas no serviço e os direitos do tutor…

1 semana ago

Direitos dos passageiros x cancelamento da COPA – Boeing 737 MAX 9

Por Luciana Atheniense A COPA Air Airlines, atendendo à determinação da Agência Nacional de Aviação…

4 meses ago

Ainda posso alugar imóvel no fim de ano pelo Airbnb?

Por Lilian Muschioni Recentemente o STJ publicou acórdão sobre caso julgado em 2021, mantendo a…

5 meses ago

Ainda posso alugar imóvel no fim de ano pelo Airbnb?

Por Lilian Muschioni Recentemente o STJ publicou acórdão sobre caso julgado em 2021, mantendo a…

5 meses ago

STF valida regra sobre banco leiloar imóvel com dívidas sem passar pelo Judiciário

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) validou a lei 9514 de 1997 - em…

5 meses ago

Desistência anterior à citação do réu isenta o autor de complementar pagamento de custas

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por maioria, entendeu que não é…

7 meses ago