A transversalidade papal – Informativo IAMG

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A transversalidade papal

03/02/2015 Autor: Aristoteles Atheniense

Em discurso pronunciado no Parlamento de Estrasburgo, o Papa Francisco advertiu que o êxito da União Europeia só será obtido quando o homem deixar de ser um “sujeito econômico”, convertendo-se em pessoa dotada de direitos impostergáveis e de “deveres conexos” com outras prerrogativas e, em especial, com o bem comum.

A seu ver, “chegou o momento de construir juntos a Europa que gira não em volta da economia, mas do caráter sagrado da pessoa humana, dos valores inalienáveis”. Impõe-se, assim, revitalizar “a economia dos povos”, repelindo todo burocratismo e nominalismo políticos, sem sucumbir à pressão de interesses multinacionais.

Francisco, além de denunciar o terrorismo religioso, o tráfico de armas, os atentados à vida, insistiu na advertência de que “o caminho privilegiado da paz passa através da consciência de que o outro não é um inimigo para ser combatido, mas um irmão para ser acolhido”.

Referiu-se, ainda, aos políticos da nova geração, com que se avistou desde o início de seu pontificado, enfatizando que esses encaram a realidade sob uma perspectiva diferente dos governantes mais idosos. Ainda que digam coisas aparentemente semelhantes, a abordagem desta linhagem é diferente, revelando que a Europa não poderá prescindir do que chamou de “transversalidade”.

Esta vem a ser a necessidade de se recorrer ao diálogo, evitando opiniões conflitantes e contribuindo para que as reflexões sejam postas a serviço dos povos harmoniosamente unidos.

Segundo o Papa, todo diálogo circunscrito apenas a organismos políticos será estéril. Um continente que dialogue dentro de grupos fechados ficará no meio do caminho: torna-se necessário um espírito juvenil que aceite o desafio da transversalidade.

Na entrevista que concedeu aos jornalistas no avião que o conduzia em retorno a Roma, o Pontífice referiu-se ao desemprego como causa do aumento da exclusão social. É importante criar um movimento de formação e educação da mocidade, incutindo-lhes a consciência da validade do projeto europeu, voltado para essas necessidades primárias.

Não há como condescender com 75 milhões de jovens que não trabalham nem estudam e a cada dia perdem mais a esperança.

A tônica de seus pronunciamentos em Estrasburgo foi a de que a solidariedade não deva ser somente um dos valores da Europa, mas sim a razão de ser de sua existência, uma resposta adequada e construtiva aos desafios que deva enfrentar.

Aristoteles Atheniense – advogado, conselheiro nato da OAB e membro do conselho superior do IAMG.

 

 

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