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Onde iremos parar?

Por Aristoteles Atheniense

O Brasil continua sendo o país dos contrastes. Faltando somente trinta dias para o início da Copa do Mundo, são raras as demonstrações de euforia pelo certame que traduzissem a nossa confiança no êxito da Seleção, ao contrário do que acontecia em outros anos, quando o torneio era realizado bem distante do país.

Não deparo com manifestações antecipadas dos nossos torcedores, como ocorria no passado. Lembro-me da rua Miguel Lemos, em Copacabana, toda enfeitada, numa antecipação prematura da certeza de que a Copa não nos escaparia.

Seria o caso de indagar: qual a causa dessa semiapatia? Seria o descrédito da Seleção ou a incerteza quanto ao trabalho realizado por Felipão? Este foi meu cliente, de quem continuo sendo amigo e admirador.

Estou convencido de que a suspeita dos simpatizantes brasileiros quanto ao que está para acontecer guarda estreita relação com o que vem ocorrendo no cenário político.

Nesta última semana, foi anunciado que grupos descontentes farão protestos em 50 cidades. Em São Paulo, onde será realizada a primeira partida, num estádio inacabado, cerca de 5 mil professores em greve fecharam a avenida Paulista.

Até mesmo no exterior estão sendo feitas manifestações por brasileiros ali residentes. É o que vem ocorrendo em San Tiago do Chile, Nova Iorque, Paris e em Berlim, na Alemanha. nesses países, os funcionários dos consulados entraram em greve, prejudicando os serviços de emissão de vistos e de certidões de nascimento.

O refrão instituído pela presidente Dilma Rousseff de que iremos realizar a “Copa das Copas” já foi convertido na advertência: “Manifestação das Manifestações”.

Um dos articuladores dessa arruaça é o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) que, após congregar 2 mil famílias nas proximidades do Itaquerão, recebeu afagos de Dilma, que prometeu atendê-lo o mais breve possível. Mais um compromisso assumido com a cooperação do prefeito Fernando Haddad, lançado por Lula na vida pública.

A Confederação dos Trabalhadores do serviço público elegeu o dia 12 de junho nas cidades-sedes para a eclosão do tumulto que projetou.

Até a Polícia Federal aliou-se a essas rebeliões. Os seus agentes, escrivães e papilocopistas ameaçam cruzar os braços. O mesmo rumo deverá ser tomado pelos auditores da Receita e servidores do INSS, órgão responsável pela seguridade social.

Consta que, desde 2012, encontra-se no Planalto o projeto de regulamentação do direito de greve do servidor federal. Isto tem servido de mote à sublevação da classe, sem que a lei 7783/89, que disciplina a greve em serviços essenciais, possa conter a insatisfação generalizada que se torna maior a cada dia.

Diante desse quadro preocupante, seria exigir demais dos torcedores brasileiros que demonstrassem sua euforia com a realização do Mundial, que corre o risco de não chegar ao fim.

Num país onde a segurança tornou-se a maior reivindicação, juntamente com a saúde e educação, não poderia ser outra a convulsão iminente, na medida em que nos aproximamos do início da badalada Copa.

Atheniense

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